quarta-feira, 6 de junho de 2007

DGS recomenda medidas extremas para controlar doentes agressivos

Segundo as normas da circular da Direcção-Geral de Saúde (DGS), os profissionais da área da saúde devem recorrer ao internamento compulsivo, ao isolamento e à imobilização na cama, de doentes que se revelem agressivos.
A circular destina-se a informar do profissionais da área da saúde e terá aplicação nos hospitais no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em todas as instituições onde sejam prestados cuidados de saúde, com internamento, como o Serviço de Urgência e as unidades ao serviço da rede nacional de cuidados continuados integrados.
No entender da DGS, estas formas de controlo de doentes agressivos e violentos devem ser utilizadas em situações limite e depois de terem já sido esgotadas todas as medidas de controlo e prevenção, como as técnicas de comunicação de interrupção da escalada da agressividade e de contenção ambiental.
Para a Direcção-Geral de Saúde, os doentes podem revelar-se agressivos e violentos, nos momentos mais inesperados, dai que esta seja uma forma de preservar, não só a integridade física dos profissionais, como do próprio doente. Deste modo, a DGS admite que se deva “mesmo recorrer, com carácter imperioso, ao isolamento do doente e à sua imobilização no leito, para se proceder à administração da terapêutica conducente à melhoria do seu estado”.
Guadalupe Simões, secretária-geral do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses discorda. “Essas medidas de controlo dos doentes agressivos, não são a forma mais correcta de lidar com o problema, porque se deve apostar em medidas preventivas”.
Apesar de os enfermeiros serem a classe que mais agressões regista, Guadalupe Simões sustenta que o controlo de doentes à força, levanta questões éticas e de violação dos direitos dos cidadãos. “Prender os doentes à cama afigura-se uma situação abusiva e própria de um país sub-desenvolvido”, declarou.
A vitimas destes comportamentos violentos ficam sempre com sequelas, físicas ou psicológicas, o que pode prejudicar o seu desempenho na instituição.
Em Portugal registam-se anualmente, cerca de 87 mil casos de violência contra médicos, enfermeiros e auxiliares de acção médica. As penas previstas para este crime vão de um a dois anos de prisão, no entanto, os sindicatos dos médicos e dos enfermeiros queixam-se que os agressores raramente são punidos pelos seus actos.

Inês de Matos

Fonte: Correio da Manhã

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