quarta-feira, 6 de junho de 2007

Farmacêutica recusa acusações
Pfizer garante que o tratamento teve aprovação do governo nigeriano

A farmacêutica norte-americana Pfizer reagiu ao processo interposto pelo governo nigeriano afirmando que o ensaio clínico com Trovan Floxacin levado a cabo, em 1996, naquele país teve “o aval do Governo nigeriano com todo o conhecimento de causa”. Os responsáveis do laboratório garantem que todos os requisitos éticos foram tidos em conta na aplicação do tratamento e “em conformidade com o compromisso da companhia para com a segurança dos doentes”.

A Pfizer negou desde o início as acusações do governo nigeriano, que afirmam que o laboratório terá camuflado as suas verdadeiras intenções quando se propôs a ajudar as vítimas de uma epidemia de meningite bacteriana, sarampo e cólera através da utilização daquela substância. Hoje as acusações foram mais uma vez rejeitadas. “Todas as alegações no quadro destas perseguições são simplesmente falsas", pode ler-se num comunicado emitido pela sede de Nova Iorque.

No processo judicial que teve início na segunda-feira (4 de Junho), o Governo da Nigéria pede uma indemnização no valor de sete mil milhões de dólares norte-americanos acusando a Pfizer de ter realizado testes ilegais de um medicamento que originaram a morte a 11 crianças e deficiências em várias outras.

O Governo do Estado de Kano, região da Nigéria onde foram realizados os testes, já responsabilizou a Pfizer civil e criminalmente e reclama uma compensação de dois mil milhões de dólares norte-americanos referentes aos danos causados. No comunicado emitido, o porta-voz da Pfizer, Bryant Haskins, voltou a assegurar que "o medicamento foi administrado em conformidade com a lei nigeriana".

Os responsáveis consideram que as alegações que constam do processo são “altamente incendiárias” e não se baseiam em factos. No comunicado é ainda salientado o facto de passada uma década depois da epidemia “o Governo nigeriano tenha processado a Pfizer por um esforço que teve um certo interesse para alguns jovens cidadãos da Nigéria".

Em 2005, um tribunal norte-americano declarou que não tinha competência para emitir uma deliberação sobre a queixa apresentada por famílias nigerianas que alegavam não terem sido devidamente informadas acerca das contra-indicações do antibiótico fabricado pela Pfizer e ministrado às crianças.

Apesar de ter sido aprovado nos Estados Unidos em 1997 para tratar infecções em pessoas adultas, o medicamento foi posteriormente retirado do mercado por suspeitas de estar associado a vários casos de insuficiência hepática.

Marta Bilro

Fonte: Panapress



1 comentário:

Rui Borges disse...

Boa notícia. Serviu como complemento à notícia já publicada: "Nigéria processa Pfizer pela morte de 11 crianças".