quinta-feira, 14 de junho de 2007

Eli Lilly cria parceria para combater Tuberculose

A farmacêutica Eli Lilly anunciou a criação de uma ambiciosa parceria, de fundos públicos e privados, que deverá conduzir a uma fase preliminar de pesquisa de novos fármacos urgentes no tratamento da tuberculose, onde se incluem as novas estirpes resistentes. O projecto envolve um investimento que ronda os 11 milhões de euros (15 milhões de dólares norte-americanos) num prazo de cinco anos.

A parceria consiste na criação de uma estrutura de pesquisa não lucrativa sedeada em Seattle, que irá utilizar recursos de algumas das mais importantes organizações e investigadores nacionais de doenças infecciosas e tuberculose. Os detalhes do acordo, apresentado na Terceira Cimeira Anual de Saúde do Pacífico, não foram revelados.

Gino Santini, vice-presidente do departamento empresarial e estratégias de negócio da Eli Lilly, descreveu esta atitude como “um passo importante em direcção à descoberta de novos e melhores tratamentos para a tuberculose”. O responsável referiu que a empresa está consciente da importância da investigação para salvar milhões de vidas que se perdem devido à tuberculose. “Ao agregar os recursos científicos e financeiros, do sector público e privado, esta parceria irá funcionar como um catalisador para promover a descoberta precoce de novos medicamentos para esta doença que já mata há vários séculos”, acrescentou.

“Seattle já é um ponto importante na pesquisa da tuberculose, por isso esta parceria faz todo o sentido”, afirmou Steve Reed, director do Instituto de Pesquisa de Doenças Infecciosas, uma organização sedeada naquela cidade que já está a trabalhar numa nova vacina para a tuberculose.

Para o presidente do Departamento de Saúde Global da Universidade de Washington, “esta é a ideia certa, no momento correcto e no lugar adequado”.

A tuberculose é uma das maiores pandemias mundiais, uma doença de proporções globais que mata uma pessoa a cada 20 segundos e que recentemente evoluiu para estirpes mais ameaçadores reconhecidas como tuberculose multi-resistente e tuberculose resistente a fármacos.

Mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo são portadores de uma das estirpes de tuberculose e milhões morrem todos os anos. Ainda assim, os fármacos utilizados para combater a doença, um problema que afecta os países mais pobres há já muito tempo, têm décadas de existência e o seu poder terapêutico tem decrescido.

Nas estirpes de tuberculose multi-resistente e resistente aos fármacos o tratamento pode durar mais de dois anos. Os pacientes que não têm acesso aos regimes de tratamento mais prolongados, criam resistência ao medicamento. A crescente resistência aos fármacos existentes actualmente, e o aumento do número de pacientes infectados simultaneamente com tuberculose e HIV, está a tornar a pandemia ainda mais ameaçadora e mortal.

“O desafio é enorme”, considera Gail Cassel, vice-presidente do departamento de assuntos científicos da Eli Lilly. A responsável admite que são precisos novos medicamentos, mas que devido à pobreza que assola a maioria dos portadores da doença, também é necessária uma abordagem economicamente inovadora.

O projecto intitulado “Parceria não-lucrativa da Lilly para a Pesquisa de Fármacos para a Fase Inicial de Tuberculose” pretende representar uma cooperação entre a indústria, os académicos e o governo. Para além da Universidade de Washington e da Reed, o projecto da farmacêutica norte-americana conta também com a participação dos Institutos Nacionais de Saúde, do laboratório alemão Merck, do Instituto de Investigação Biomédica de Seattle e da Aliança Global para o Desenvolvimento de Terapias para a Tuberculose, entre outras organizações.

Marta Bilro

Fonte: Indystar.com, Seattlepi.com, The Seattle Times, CNN Money, FDA News, Pharma Live, Aidsportugal.com

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